O projeto Fraturas virtual, do Coletivo Trippé é uma realização do Sesc Pernambuco por meio do projeto #CulturaemRedeSescPE e o Transborda as linguagens da cena. No projeto da instituição, realizado a partir de uma convocatória, o Coletivo Trippé propôs a estreia online de um de seus espetáculos mais importantes em sua trajetória. Fraturas marca a história do coletivo a partir de uma residência artística com o coreógrafo paulista Maurício de Oliveira e a Cia. Siameses de Dança. O espetáculo promoveu o aperfeiçoamento técnico dos intérpretes, levou o grupo para ocupar novos espaços e mudou sua forma de criação, quase como um processo de antropofagia cultural.
Essa criação coreográfica feita para o Coletivo Trippé trata de questões da aprendizagem em qualquer que seja a área de conhecimento. "Fraturas" mostra, por meio da transparência, a costura interna de uma criação na qual nem sempre o que se vê é concebido de uma forma natural. Exatamente por que existe, durante um processo de montagem de um trabalho, uma inspeção de vácuos por onde se pode acoplar aquilo que já foi aprendido com o "novo" que se inaugura. Esses instantes são absolutamente preciosos e é aí que o atrito e o incômodo cedem lugar a um outro plano que se revela: o de uma atmosfera que pode anunciar a possibilidade de um olhar curioso para além dos limites percebidos. Fraturas propõe, para o próprio intérprete, uma atenção especial para cada dobradura do corpo, concatenando um movimento ao outro como se, quem executa, estivesse a desenhar no espaço sua própria presença. Para tanto, é necessário o despertar de uma atenção aguda para o gesto que nasce no momento presente e que se perpetua no próprio presente.
O espetáculo teve uma estreia agendada no Youtube, o que permitiu interação durante a primeira exibição entre os espectadores através da ferramenta de bate-papo da plataforma. Os artistas do Coletivo Trippé participaram da "apresentação digital", conversando simultaneamente com o público. O coletivo também realizou uma live de reencontro de parte do elenco inicial da proposta, que passou pelo processo de criação e troca com os artistas residentes.
Essa cartilha é um dos desdobramentos propostos, uma forma de alimentar nossas memórias e compartilhar detalhes que quem assiste o espetáculo talvez nunca soubesse. Nessas páginas, há muitas imagens do processo e das apresentações, depoimentos dos integrantes do elenco e informações sobre a trajetória do espetáculo. Há até um convite para mais um futuro desdobramento... Só vai saber se ler. Então, corre lá e depois conta para a gente o que achou.